tentativa de agressao mercenaria contra a venezuela as teias da operacao por gustavo carneiro 1 20200608 1814108105

Os contornos da tentativa de agressão mercenária contra a Venezuela de 3 e 4 de Maio vão sendo conhecidos à medida que são tornados públicos documentos e confissões de alguns dos detidos. As provas até agora reunidas revelam uma operação de grande envergadura (e avultados investimentos) que congrega a oposição violenta e golpista venezuelana, militares desertores, grandes empresários de diferentes nacionalidades, narcotraficantes, mercenários norte-americanos e os governos da Colômbia e dos Estados Unidos da América.

As declarações prestadas às autoridades venezuelanas pelos mercenários capturados, entre os quais se contam dois ex-militares dos EUA, um funcionário da agência norte-americana DEA e militares venezuelanos desertores, ajudam a revelar os criminosos objetivos da chamada Operação Gedeón. Os intervenientes nos desembarques do início do mês, e que eram apenas uma parte de toda a operação, pretendiam assassinar o legítimo presidente Nicolas Maduro e assumir o controlo dos principais aeroportos e dos serviços de informações e segurança do país.

 

Declararam ainda que a sua base de treino e logística de onde partiram rumo à Venezuela se encontrava na Colômbia, mais precisamente na quinta de um dos principais narcotraficantes da região, Elkin Javier López, conhecido por Doble Rueda, significativamente localizada junto a uma instalação da DEA, agência norte-americana (supostamente) dedicada ao combate ao narcotráfico. Caso a operação fosse bem sucedida, o conhecido traficante receberia total liberdade de movimentos na Venezuela «democratizada» de Juan Guaidó.

Os mercenários capturados nos dias 3 e 4 de Maio, fruto da colaboração entre as forças militares e policiais venezuelanas e grupos de defesa popular, no quadro da união cívico-militar, foram contratados pela empresa Silvercorps USA, sediada na Florida. À frente da Silvercorps USA encontra-se Jordan Goudreau, ex-Boina Verde (tropas especiais dos EUA) e antigo membro da segurança pessoal do presidente norte-americano, Donald Trump. Um dos mercenários detidos revelou que Goudreau esteve reunido com Juan Guaidó em Março, em plena Casa Branca, e as forças de segurança norte-americanas estavam a par dos planos de invasão da República Bolivariana da Venezuela, que terá estado prevista para esse mesmo mês de Março, acabando por ser adiada.

Entretanto, o Washington Post publicou o contrato assinado em Outubro de 2019 entre Juan Guaidó e Jordan Goudreau, vigente por 495 dias e tendo como objetivo conceber, preparar e executar uma invasão mercenária da Venezuela, visando colocar no poder Juan Guaidó e seus correlegionários. No pagamento da operação estariam envolvidos fundos soberanos venezuelanos roubados pelo governo dos EUA, frutos de negócios futuros com o petróleo do país, para além de financiamentos privados por parte de empresários que, consumado o golpe, teriam estatuto preferencial para obter contratos com um futuro governo golpista ao serviço dos EUA.

O contrato admitia o recurso a «todos os meios necessários» para atingir os objetivos», bem como o uso de praticamente todo o tipo de armamento (incluindo minas antipessoais) contra populações civis. Os mercenários envolvidos, independentemente dos crimes que viessem a cometer, estavam previamente a salvo de qualquer ação judicial, sendo-lhes oferecia imunidade prévia e total.

As incursões mercenárias do início do mês inserem-se numa ofensiva mais vasta contra a República Bolivariana da Venezuela, que tem no roubo de activos financeiros, no bloqueio e nas sanções económicas e comerciais e na apresentação do fantoche dos EUA, Juan Guaidó, como «presidente interino» peças centrais. O povo venezuelano, com as forças bolivarianas, tem resistido e promete continuar a fazê-lo. Com a nossa total solidariedade.

*membro da Direção Nacional do CPPC