Belo Concerto pela Paz em Matosinhos



O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) saúda o Dia da Vitória, 9 de Maio, data em que terminou formalmente a Segunda Guerra Mundial na Europa, com a rendição do que restava das forças militares da Alemanha nazi. Há setenta e sete anos, depois de mais de cinquenta milhões de mortos e trinta milhões de feridos e mutilados, acabava finalmente a guerra mais mortífera e destrutiva de toda a história humana.
Assinalar hoje este acontecimento assume um acrescido e particular significado, face às ameaças que a Humanidade enfrenta no actual contexto mundial.
Ter presente os aspectos centrais que estiveram na origem da Segunda Guerra Mundial contribui para que uma tal guerra jamais aconteça. Relembrar os principais factores que estiveram na origem dessa catástrofe anunciada é imperativo moral dos democratas, para que os crimes do nazifascismo jamais sejam esquecidos e aquilo que lhes deu azo não venha a repetir-se.
Recordar que a reconstrução e modernização acelerada, da indústria pesada alemã, em especial a de âmbito militar, financiadas pelo Reino Unido (RU) e Estados Unidos da América (EUA), proporcionou à Alemanha a base material de que carecia para preparar e desencadear a guerra. Apoio financeiro a que se juntou ainda o preconceito político-ideológico, pois as potências dominantes naquela época – RU, EUA e França – desprezando os sinais da tempestade que se avizinhava, entenderam ignorar as propostas de criação de um sistema de segurança coletiva que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), reiteradamente, apresentou na Liga das Nações até ao início da guerra – tais propostas acabaram arquivadas, sem serem sequer postas à discussão.
Já com a invasão da URSS pelas forças nazis a decorrer, ficou claro, para esses responsáveis, que a Alemanha e a União Soviética não se exauriam mutuamente, até à completa destruição, porque os povos e as forças armadas soviéticas, ao longo de três anos, aguentaram o embate da principal força militar da Alemanha nazi e seus aliados, e a combateram até conseguirem virar o curso da Guerra e iniciar a libertação da Europa. Ao mesmo tempo que, por toda a parte, os povos resistiam e lutavam com denodo contra o inimigo comum representado pelo nazifascismo e o militarismo nipónico.
A vitória sobre o nazifascismo foi, assim, fruto da resistência e luta antifascista dos povos pela liberdade e democracia. Contra o terrorismo de estado; o extermínio em massa de populações, e de prisioneiros em campos de concentração; o trabalho forçado; a xenofobia, o racismo; as mais macabras sevícias, incluindo a experimentação médica em seres humanos indefesos; a destruição sistemática de infraestruturas económicas, sociais e culturais.
Mas para que tal vitória fosse alcançada, milhões de seres humanos entregaram as suas vidas, sendo de toda a justiça sublinhar a ímpar e decisiva contribuição da URSS e do seu povo, que pagaram o preço mais alto.
Com a derrota do nazifascismo e os avanços alcançados na emancipação social e nacional, os povos do mundo esperavam que o seu sofrimento e determinação pudessem ter, finalmente, criado condições para uma paz mundial plena e duradoura, assente num sistema de segurança coletiva.
Tal não aconteceu, porém, e hoje, ainda que em circunstâncias muito diversas, acumulam-se sinais de que as práticas nefastas do passado não só não foram reconhecidas e abandonadas como, sensivelmente, as mesmas potências que então as usaram continuam, com novos protagonistas, a reeditá-las.
Ciente de que, apesar dos riscos atuais, a paz é possível e que a Humanidade saberá encontrar o caminho para evitar uma nova catástrofe e estabelecer o primado da solidariedade, da cooperação, do progresso social em todo o mundo, o CPPC celebra, com confiança, o Dia da Vitória, no respeito por todos os que, vivos e mortos, o tornaram possível, e convida os democratas a cerrarem fileiras em defesa da paz.
Manifestação em Lisboa celebra a vitória. Maio de 1945

